Estava eu conversando com Biankinha, ambos desesperados em busca de um bom programa para o feriadão. Nada. Mais tarde, por coincidência ou não, vejo um post de meu primo Luciano falando justamente disso (Pra ver o post dele, CRIQUE AQUI) e me dei conta de que eu não sou o único a ficar bastante chateado com essa estranha "lei" que impõe uma certa exclusividade à nossa tradicional quermesse e proíbe que qualquer outro evento festivo seja realizado na cidade de Catolé no feriado de setembro.
A idéia é que as demais festas não atrapalhem a realização e frequência da quermesse, ou seja, uma vez que não é dada nenhuma outra opção de lazer, todos vão ter que ir pra Praça do Povo, curtir o único evento oferecido, gerando assim lucro para a igreja, felicidade para quem gosta de frango assado e satisfação garantida pros manolos que vendem sorvete de água rosa na parquinho. Legal, né?
Não!!! Não é legal, velho!!! Que porra é essa???
A idéia no papel, na teoria, é até bem-intencionada. Mas na prática é um desastre! Se me perguntassem hoje em que ano a gente estava, eu chutaria mil oitocentos e alguma coisa. Porque eu não consigo acreditar que a cidade tenha concordado com uma decisão tão atrasada a ponto de nos remeter a um tempo obscuro onde a Igreja é a Lei.
Antes que me crucifiquem ao lado do "Samba" lá do parque, permitam-me logo deixar bem claro que eu não julgo aqui as religiões. Longe disso. Não questiono a fé, nem os costumes, nem o fanatismo ou descrença de ninguém. Só quero falar do quão prejudicial é essa lei para nossa cidade.
A festa da quermesse na semana da padroeira já é uma tradição na nossa cidade. Assim como é o parque e suas espingardas de chumbo pra atirar nos drops. Mas a festa da Panorama também era tradição. E qualquer outra festa que aproveitasse o feriadão onde todo mundo vem visitar sua terrinha sempre era mais que bem-vindo. Isso aumentava o turismo na cidade, gerava trabalho, lucro e consequentemente crescimento à Catolé.
O público que frequenta as festas dos clubes é um. O Publico que frequenta as quermesses é outro. Não adianta fechar as portas dos clubes e tentar tanger os jovens em direção à praça do povo, porque não adianta. Não é assim que funciona. Os jovens não vão sentar numa cadeira durante 4 horas pra ver uma emocionante disputa financeira pra ver quem vai ficar com uma galinha morta. Não. Sem chances. Não vão e pronto.
Contudo, todo mundo dava uma passadinha nas quermesses. Mesmo o publico jovem, antes de descer para os clubes, faziam questão de dar um pulinho nas barracas, pra tomar uma cervejinha, ficar um pouco com os pais e prestigiar o evento da igreja antes de ir pro seu destino comum. Agora não. Os jovens, sem nenhuma opção que corresponda as suas preferencias, serão obrigados a se debandar para as cidades circunvizinhas, sítios, ou qualquer outro lugar que "vai ser o jeito" ir. Diminui o movimento da cidade, aumenta o risco de mortes na estrada. Parabéns, pessoal. Genial.
Eu já ví amigos bastante chateados que sempre vão à quermesse, mas que agora, "só por causa da besteira", não vão pisar nem lá. Eu já vi comentários do tipo "Querem meu dinheiro por fim da força? Dou não. Vou ficar em casa". E é isso que me preocupa. Pois é esse tipo de situação, esse tipo de IMPOSIÇÃO pela força que faz com que muita gente antipatize com a igreja. Mesmo que a burrada seja da igreja-INSTITUIÇÃO, a ira acaba sobrecaindo em cima da Igreja-RELIGIÃO.
Por mais que sejamos religiosos, também temos que ser sensatos. Não é justo monopolozar a diversão das pessoas. Todo mundo trabalha, rala o mês inteiro pra ter seu próprio dinheiro e tem todo o direito de escolher como e onde vai gastar esse dinheiro no feriadão de setembro. Ninguém é obrigado a ir pras quermesses eu sei. Mas estamos sendo obrigados a não ter nenhuma outra opção.
Portanto, fica aqui meu lamento com a nossa tão desnecessária viagem no tempo. Fica aqui meu desãnimo, porque provavelmente nem irei lá nas quermesses esse ano, já que não tem canto nenhum pra ir depois. E fica aqui meu apelo para os responsáveis pela aprovação dessa "lei" tão bem-intencionada, mas ao mesmo tempo tão absurda e idiota.
Vamos repensar essa idéia. A festa da quermesse era uma festa simples, tradicional, agradável e por uma boa causa. Dava gosto participar e dar sua contribuição. Hoje, a infeliz impressão que nos fica é de uma festa egoísta, gananciosa e impositora. A filosofia da festa, que era unir a sociedade em um evento beneficente, hoje separa os pais dos filhos, "enxota" os jovens da cidade e resume os festejos de setembro que tanto movimentavam a cidade de Catolé do Rocha, num único quarteirão de luz controlada.
A igreja se prejudica com essa atitude. E essa imposição acaba ficando suja para com a sociedade. Tão suja quanto a água rosa com que se fazem os sorvetes
do parque. A diferença é que o sorvete é gostoso mesmo assim. Talvez
porque você não seja obrigado a comprá-lo. E tenha o direito de optar por um cachorro-quente...
Bjs Dou-lheUmaDou-lheDuasDou-lheTrês...
"Mesmo que a burrada seja da igreja-INSTITUIÇÃO, a ira acaba sobrecaindo em cima da Igreja-RELIGIÃO".
ResponderExcluirDisse tudo, acho que toda imposição é uma forma de tolher o livre arbítrio, o direito de escolher.
Lei absurda e sem nexo.