[A história relatada a seguir só foi aumentada. Não inventada. A ameaça é real]
Há cerca de 2 meses tive que interromper meus treinos de boxe ao sentir um terrível incômodo no ombro direito. A princípio, fui diagnosticado com uma possível lesão muscular, devido a um cruzado de direita aplicado com muita força no saco de pancadas, sem estar devidamente aquecido. A dor me importunou por quase uma semana, sem nenhuma evolução ou melhora a despeito de todas as massagens e aplicações de compressas que administrei.
Mas foi naquela madrugada fria, enquanto eu massageava a lesão com Bálsamo benguê, que eu senti. Senti sua presença, sua iminente chegada, seu inevitável ataque. E foi aí que eu percebi que a dor no ombro que me atormentava não era uma lesão devida à prática de esportes. A dor era um aviso. Um aviso que se resume em apenas duas palavras: Eles Voltaram.
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A primeira vez que fui atacado foi há cerca de 11 anos.
Era uma semana chuvosa, daquelas em que o calçamento sempre está molhado, independente da hora, e algumas poças d'água refletem apenas a luz dos postes, uma vez que a luz do sol ou da lua está sempre imersa na escuridão de um céu negro, anunciando uma nova chuva que se aproxima.
Eu estava na casa de meu primo Fillipe, jogando conversa fora e curtindo o clima gélido, evento raro e carinhosamente valorizado na minha cidade. Eram quase 9 da noite. Decidimos dar uma olhada no céu a fim de examinarmos o preparo da chuva que se formava no horizonte. Caminhamos despreocuados pela rua, puxando eventualmente um galho de uma árvore qualquer na tentativa de dar um banho forçado um no outro com a água que estava acumulada nas folhas, cortesia da chuva anterior. Andamos até o fim do quarteirão, onde um terreno baldio nos dava ampla visão do nascente. Era dalí que vinha a chuva gelada que cairia mais tarde sob nossa cidade.
Ficamos alí por cerca de 4 ou cinco minutos, metade desse tempo no mais absoluto silêncio, concentrados na escuridão, observando atentamente os clarões dos relâmpagos e tentando assim adivinhar de onde viria e para onde irira a tromba dágua que espocava em flashes de luz as nuvens do horizonte. Mal sabia eu que, naquele momento, enquanto eu observava os céus embebido em inocência, uma criatura alienígena se encontrava fria e silenciosa no meu ombro direito.
Marquinhos em meu quarto (Imagem Real)
Não sei dizer ao certo em que momento ele subiu lá. Não senti em momento algum seu pouso ou sua escalada até meu ombro. Só sei que alí estava ele, longe de minha percepção, sorrindo em meu ombro como um demoníaco papagaio de pirata, planejando seu próximo passo.
E seu próximo passo era de uma natureza cruel. Marquinhos, como se auto-intitula essas criaturas, planejava certamente entrar pelo meu ouvido, alojar-se no meu cérebro e comandar minhas decisões e movimentos, liderando assim seu gigantesco exército de iguais para a dominação do planeta. Não sei dizer os motivos pelos quais ele me escolheu. Não é segredo que eu sou lindo. Mas acredito que ele escolheu a mim entre tantos pelo fato de eu ser mestiço. Meio brasileiro, meio ninja. Enfim, não me atrevo a entrar em detalhes sobre os motivos que o levaram a escolher a mim, porque é chato ficar passando na cara que eu sou mais foda que vocês.
Gráficos encontrados com um dos Marquinhos capturados
Sei apenas que era eu. A vítima. O Hospedeiro. O primeiro e mais importante passo de Marquinhos na tentativa de escravizar a humanidade. Eu era peça fundamental nesse intrincado plano de dominação. O que Marquinhos não contava, era que a sorte ou o destino agiu a favor do planeta Terra. Pois quando ele preparava-se para alçar vôo em direção ao meu cérebro, Fillipe, de forma inocente resolveu comentar algo a respeito da chuva.
- Tem uma coisa... Se esse preparo todim vier mesmo praqui, hoje dá uns 100 milímetros...
E enquanto dizia essas palavras em forma de profecia, ele pousou satisfeito a mão esquerda em meu ombro direito. Em cima de Marquinhos. Seu vôo estava cancelado. Uma mão salvadora o espremia contra mim. Ele não tinha saída. Seria esmagado, por fim.
Foi aí que eu senti a pontada. Uma dor fina, quente, que espalhou uma descarga de energia violenta que tomou conta do meu corpo. Marquinhos, vendo-se encurralado entre meu ombro e a mão de Fillipe, teve como seu último recusro usar a tão temida "PICADA DE LA MUERTE", uma violenta mordida transversal que imobiliza o sistema nervoso de suas vítimas em questão de segundos. Urrei de dor e me joguei para o lado, caindo de costas perto da calçada numa pequena poça de água acumulada, as costelas batendo com força contra o meio-fio. Ao meu lado, estava ele. Marquinhos. Ferido, a expressão de dor e de ira em seu rosto cansado.
Me arrastei assustado para trás, tentando fugir, mas não conseguia coordenar meus movimentos. Estava atordoado, dolorido, eletrificado. Foi então que Marquinhos inflou por um milésimo de segundo e em seguida lançou contra mim sua arma mais poderosa: A "CATINGA DE LA MUERTE". Um gás venenoso, ácido e asfixiante, capaz de matar qualquer espécime vivo que se exponha ao seu contato por mais de 2 minutos.
Imagem real do acontecimento.
Senti meus olhos secarem, as glândulas lacrimais corroídas pelo gás nocivo. Prendi a respiração, mas já havia inalado Catinga De La Muerte suficiente para provocar a falência dos meus pulmões. Sentia o ar rarefeito, a vida se esvaindo do meu corpo a cada lufada inútil de ar. Desfalecendo, senti meu corpo se entregar lentamente. Até sentir minha mão cair sem vida água parada da poça onde eu me encontrava. Como último recurso, em meio ao desespero da morte iminente, uni todas as minhas forças e forcei meu braço a mover-se para cima, a mão uma vez imersa agora jogando um punhado de água no inimigo.
- Xô! - gritei eu, de forma ameaçadora.
Para minha eterna surpresa, Marquinhos recuou. Deu um passo para trás, agora sério. Percebi algo que até então ele não havia demonstrado. Medo. Marquinhos estava com medo. Ficamos em silêncio por alguns segundos que mais pareceram uma eternidade para mim. Por fim, ele decidiu desistir da investida naquela noite. Havia encontrado uma resistência que não esperava. Colocou algo no bolso, fungou, deu as costas e alçou vôo. Não sem antes olhar para trás e me dizer através de alguma telepatia que até hoje sou incapaz de explicar:
- Nos veremos outra vez, caba.
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Acordei no dia seguinte, deitado numa vala usada como plantação de siriguela no pé da serra do Capim Açu. Provavelmente a siriguela, com suas propriedades curandeiras, foi o que me salvou da intoxicação da noite anterior. Não sei como fui parar ali. Sei que depois daquela noite, nunca mais fui o mesmo.
Fillipe conseguiu escapar com vida do ataque. Contudo, seu cérebro foi afetado pelo gás tóxico da Catinga De La Muerte e hoje ele é gago e doido. Constantemente se vê perseguido por Marquinhos. Acredito que depois daquela noite, ele também tenha se tornado um alvo.
Eu sobrevivi. E me tornei o principal defensor do planeta Terra diante dos ataques do exército de Marquinhos. Hoje sou vítima de ataques quase diários em épocas de inverno. E sempre que o céu anuncia chuva, eu sei que eles vão vir ao meu encontro. Atacar o meu quarto, atacar o que é meu. Nesse úmtimo mês, já atacaram minha mãe e minha namorada. E eu sei que eles não vão parar por aí.
Mas eu estou pronto. Eu não sou mais tão frágil como era 11 anos atrás. Graças ao ataque que me levou quase à morte, hoje tenho uma espécie de conexão com os Marquinhos. Sou imune à Catinga De La Muerte, mas ela ainda me deixa fracom suga meus poderes. Mas em compensação, sei quando estão por perto, sinto quando se aproximam. Sinto em meu ombro direito. O mesmo ombro que sofreu a Picada De La Muerte. Se meu ombro dói, é porque eles estão por perto.
E eu estou sempre alerta. Esse é apenas o começo da minha saga contra Marquinhos, e eu não vou mais manter isso em segredo. Todos os ataques serão relatado aqui. Toda batalha travada será contada, um tanto aumentada, mas com uma base fixa de realidade. Eles me odeiam. Eles querem me matar.
E eu estou pronto para a guerra.
Bjs DeLaMuerte
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