Os Fantasmas Se Divertem - E Eu Também






Ontem à noite eu assistia a reprise do insosso jogo entre Vasco x Cruzeiro, quando recebi uma mensagem de texto no meu celular. Era minha prima, Raíza. A mensagem era direta e sem rodeios:


"Eu vi uma alma, ok? Bjs"


Nem preciso dizer que no fim daquela mesma noite, eu estava no telefone com ela, escutando atentamento toda a história da visita inesperada que ela havia recebido.



Raíza. Nós vemos gente morta.


Em resumo, Raíza havia acordado em plena madrugada do sabado para o domingo, com aquela estranha sensação de que não estava sozinha. Havia mais alguém no quarto.





Assustada, ela não podia, ou não teve condições de se mexer, devido ao medo. Ficou parada, encarando a parede, esperando que aquela sensação passasse.


Foi aí que ela sentiu a respiração da visitante bem junto ao seu ouvido. Segundo Raíza, ela ainda conseguiu ver os longos e negros cabelos daquela mulher quando esta se curvou sobre seu corpo paralisado. E sentiu o arrepio gelado quando o espirito sussurrou duas palavras em seu ouvido...


Bom, o que ela sussurrou não é da conta de vocês. Deixo esse detalhe em branco pra não por em risco a vida de ninguém. Ou só pra deixar um suspense mesmo.


Só sei que, à medida que Raíza me contava como tudo acontecera, eu perdia ainda mais o sono. Mas não de medo. Perdia o sono de empolgação. Histórias de terror são para mim, o que Ben 10 é para um garoto de 8 anos: Entretenimento de primeira. Pois eu não sei bem o porquê, mas há 3 coisas nesse mundo que simplesmente me fascinam: Lobisomens, Serial Killers e Fantasmas.





Talvez a culpa seja dos meus tios e tias por parte de pai. Na verdade tenho quase certeza disso.


Quem cresceu, junto comigo, na casa grande da Fazenda Santana, sabe do que eu estou falando. Passar as férias alí, numa casa de campo, com toda a família reunida era a melhor coisa do mundo para cada membro da família Targino. Mas para nós, as crianças, era também um tormento.


Isso por causa das dúzias e dúzias de histórias assombrosas que eramos obrigados a ouvir por parte dos nossos tios. Histórias tão bizarras, assustadores, terríveis e escabrosas que nos dias de hoje a justiça provavelmente tomaria a guarda de todos nós e proibiria que nossos pais e tios chegassem a menos de 30 metros de distância da gente.



Casa Grande - Fazenda Santana


Foi na Casa Grande que eu aprendí a acreditar no sobrenatural. Foi lá que eu eu, ouvi, senti e testemunhei os primeiros fenômenos paranormais da minha vida, grande parte deles forjados com extrema maestria pelos meus tios. Quando eu digo com "com extrema maestria" eu falo sério. Não eram sustos. Eram super-produções. Coisa de cinema, com direito a efeitos visuais, jogo de luz e suspenções com cabos. Aqueles miseráveis definitivamente tinham PHDs em assustar.


Mas foi talvez a aceitação do impossível que meus tios impuseram na gente que nos deixou com a mente suficientemente aberta para vivenciar experiências fora dos padrões da normalidade. Porque não sei se estamos vivenciando uma longa crise de loucura coletiva, mas, desde as estranhas experiências vividas na Santana, eu e vários outros membros da minha família passamos a presenciar fenômenos desagradáveis de cunho sobrenatural.



Luciano, Carla, Janine, Keké, Carol, todos nós, ex-internos na Santana, já testemunhamos eventos mediúnicos, paranormais ou simplesmente estranhos demais pra ser verdade.



E enquanto Raíza me relatava os fatos, eu percebia que me identificava perfeitamente com cada sensação por ela sentida. Cada detalhe da história dela, cada pensamento ocorrido, cada tremor e arrepio batia exatamente com tudo que aconteceu comigo dia 8 de setembro de 2001. O inesquecível dia que eu vi uma moça morta no meu quarto. Experiência que, mesmo sendo tão incrivelmente fascinado pelo assunto, prefiro não vivenciar novamente. De forma alguma. Jamais.


Por fim, ao terminar de relatar toda a história, Raíza me pediu, com a voz mais fofa e pidona do mundo, para que eu dissesse que aquilo não havia passado de um sonho ruim, ou de uma alucinação boba de quem acabou de acordar ainda entorpecida pelo sono.


Eu, num misto de lamento, incerteza, maldade e prazer, disse que não. Falei que aquilo provavelmente foi real, que comigo havia sido mesmo jeito e que, como ela não respondera à pergunta feita pelo fantasma daquela mulher, provavelmente o espírito voltaria outra noite para exigir sua resposta.



Mas brincadeiras à parte, Pikena, infelizmente, eu creio que sua experiência não foi um sonho. Acredito, baseado nas minhas próprias experiências, que foi real. Eu senti tudo que você sentiu. A mesma agonia, o mesmo choque e, sobretudo, o mesmo medo. Mas acredito que isso não vai voltar a acontecer... Pelo menos espero que não.



Portanto relaxe... Eu prometo que quando eu for aí, a gente conversa mais a fundo sobre o que te aconteceu. E eu juro, juro mesmo, que vou fazer o possível pra não arrumar um jeito de te fazer um puta susto de madrugada. Ok?



Você sabe que pode confiar em mim, né? Eu jamais inventaria nada pra te assustar...


Bom, tirando a hora que eu falei que a alma ia "voltar pra exigir respostas" e tal... Foi sacanagem de minha parte. Desculpa.


.

Sim, e a parte de que ela vai te seguir pra qualquer lugar é mentira também...

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E a história de que a alma estava desesperada e agora pode te machucar por não ter sido atendida não é verdade... Eu inventei...

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E as mensagens que eu mandei pro seu celular em nome do fantasma foram só uma brincadeira...

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E a história de que ele encarnaria na sua mãe pra ela te acordar chorando sangue de madrugada foi só pra te assustar...

.

Ah, vocês querem o quê?? Eu fui criado na Santana...



Bjs venhameverdevezemquando...

Comentários

  1. Primo... Li o post e voltei a infancia na Santana... super producoes mesmo!!! E os nomes esquisiterrimos que se davam aos espiritos, montros, fantasmas, ou gente da familia que ja tinha virado o cabo da boa esperanca?
    Ate hoje eu eu espero a Cruviana vir me pegar!!! E ate hoje eu lembro do lobo-guara que nos atacou quando brincavamos de se esconder e fez Filippe perder a fala (e a sandalaia) de tanto que correu pra se salvar do bicho... Tempos bons, que podem voltar quando eu levar Nina pra Santana!!!

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  2. Afff...coitada de Raíza. Realmente a Santana foi palco de histórias fictícias que nos acompanham até os dias atuais...Narrativas vindas dos tios que sentiam prazer em ver os olhos "esbugalhados" das crianças inocentes que alí teimavam em passar as férias. A noite chegava e com elas as histórias extremamente criativas começavam a surgir de todos os lados...Cruviana que até pouco tempo eu não sabia o que era (hoje sei que é o frio)me atormentava na rede todas as noites. Seus olhos vermelhos e garras afiadíssimas passavam a noite me fitando e cutucando, principalmente quando eu dormia na sala da casa grande, virada para a janela do sótão (ainda hj durmo de costas para tal janela)...Meus Deus...e o pobre e inocente Caboré?? Eu tinha certeza que ele era o lobisomem do sertão!!! Quantas vezes dormir com os olhos bem lacrados com medo de encontrar ao meu lado, a maldita Caipora com o seu fino assovio e o seu coice certeiro. Todo esse pavor, devo aos meu tios, principalmente meu querido Tio Ivan e a minha amada mãe Socorro...quem me dera ter conhecido naquele tempo, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)...quem sabe ele poderia me proteger?? Porém, com o passar do tempo algumas experiências vividas e ditas sobrenaturais me ensinaram que nem sempre estamos sozinhas...Quando tenho a sensação que Raíza teve, coloco em prática um plano infalível...cerro os olhos e rezo...rezo muitooooooo. O medo permanece, porém fico com a sensação que DEUS se torna presente apenas para me proteger... Raíza, um conselho: quando tiver essas "sensações" não ligue para kakito....rsrsrsrsr

    Beijos

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  3. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

    Rhebeka, o lobo-guará era até aceitável... O que matava era o Padre sem cabeça, a Bruxa do Sótão e os cangaceiros assassinos psicopatas que fugiam da prisão todo fim de semana...

    E por falar em cruviana, eu imagino o tamanho da Cruviana que tem por aí nos EUA... kkkkkkkkkkk


    E sim, quando Nina visitar a Santana, os bons tempos voltarão... E ela que se prepare... Pq O LEGADO DO MEDO tem que continuar... MUHUHUHAHAHAHAHAHAHA(riso maléfico)

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  4. Carla...


    Bem lembrado. Tinha a Caipora também... Naquele domingo depois do Forró da Amizade, Larinha me contou um episódio com a Caipora que nem eu sabia... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


    Numa "caminhada" que Lu fez com André, Larinha, Matheus, Lucas, Caíque... Que usaram uma caixa de cigarro vazia pra enganar a bicha, ams ela pegou ar... Até cipoada teve. kkkkkkkkkkk


    E dexe de dar conselho sem futuro... kkkkkkkkk

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